Fabrício Renner de Moura

Graduado e Mestre em História, e, Especialista em Campo Social:práticas/saberes. Nesse espaço busco revisitar discussões e interpretações sobre História regional e local, assim como outras dimensões historiográficas.

domingo, 14 de agosto de 2011

Circulo Operário Ferroviário de Cruz Alta (rua 20 de setembro, bairro ferroviário)









Hoje corre o risco de ruir, mas na segunda metade do século XX, o Circulo Operário Ferroviário foi palco de reuniões da União dos Ferroviários Gaúchos, entidade representativa da categoria ferroviária, e de intensos debates de personalidades políticas do executivo e do legislativo municipal de todas as agremiações partidárias – PSD, PTB, PL, UDN e PCB, esse clandestino na época.
Nas instáveis décadas de 1950 e 1960, importantes movimentos organizaram-se nesse local, como a greve dos triticultores da região em abril de 1960, a greve dos bancários, o Movimento da Legalidade de 1961, quando ferroviários, triticultores, bancários e trabalhadores das fábricas da cidade uniram-se para defender o cumprimento da constituição de 1946, e, anos depois, a frustrada tentativa de resistência ao Golpe civil-militar de 1964.
Além de espaço político, no Círculo Ferroviário também ocorriam atividades recreativas, esportivas, profissionalizantes e assistencialistas. Nas datas em alusão ao dia do ferroviário e ao dia do trabalho, a família ferroviária e personalidades locais convidadas, divertiam-se e também protestavam sob o som de músicas e hinos . Nos dias do grito de carnaval, dançavam, bebiam e comiam por horas a fio.
Durante a semana, nas horas de troca do turno na oficina da estação, mecânicos, artífices, maquinistas e foguistas matavam um tempo jogando carteado e bocha. Outros ferrinhos fugiam do chefe da estação durante o expediente para beber uns martelinhos e aproveitavam para fazer seu jogo do bicho.
Duas vezes por semana, no segundo andar do edifício, esposas e filhos de ferroviários, participavam dos cursos de corte e costura e, ainda aprendiam a datilografar nas máquinas remington. Para as crianças, o sábado a tarde era reservado as aulas de catequese ministradas por voluntários da igreja. E regularmente médicos, dentistas e advogados, a serviço da Caixa de Aposentadoria dos Ferroviários, usavam as dependências do Circulo Ferroviário para atender os associados.

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